O julgamento das estrelas

Olá amigos e amigas

Depois de mais um longo período, eis-me aqui novamente. Essa volta, assim como as demais, vai muito além da vontade. Passa também pela possibilidade. E esse momento, de pensar em algo, amadurecer a ideia, sentar à frente do notebook especialmente para escrever isso - depende de uma somatória de situações, que hoje para mim são quase uma loteria. Quando há tempo, o cansaço me impede, quando estou descansado, faltam horas dentro das vinte e quatro diárias.

Mas, vamos lá. O assunto de hoje é sobre relacionamentos. Acompanhar a situação do recém terminado processo judicial entre o ex-casal Johnny Depp e Amber Heard me causou certos traumas, foi assustador. Por mais que você imagine que um relacionamento tenha percalços, ao acompanhar os “perrengues” relatados em julgamento, os (as) solteiros (as) convictas deveriam estender a mão aos céus.

Foi impossível não se colocar na condição de um ou de outro e, até mesmo compreender que, em algum momento dessa vida e, guardada a proporcionalidade, muitas vezes, podemos ter causado ou enfrentando situações assim.

Eu acompanhei algumas análises de comunicação verbal e verbal dos atores, dentre as quais destaco as de Ricardo Ventura, que descreveu a condição de Amber como uma oscilação da percepção entre o que é realidade e o que é fantasia. Também penso que, diante de algumas situações apresentadas é difícil se manter o controle (por parte de Depp). E entendam que isso difere, e muito, de ser justificante de uma agressão, mas sim que é possível que não exista um totalmente mocinho ou bandido como nos filmes.

Do conforto da minha poltrona, ao assistir os relatos, não consigo identificar falta de amor entre os dois, mas sim um amor com diferentes objetivos. É muito desafiador e até mesmo impreciso julgar alguma situação à distância. E o que eu tentei fazer foi criar analogias para arriscar algum palpite descompromissado. E por que fiz isso? Porque, na condição de profissional da comunicação, faz parte da minha especialização e, claro, também considerei a imensa repercussão de um dos processos mais acompanhados da história.

Voltando ao amor e ainda navegando nas ondas da minha percepção, que reafirmo, pode ser totalmente errônea, Amber viu em Depp, a possibilidade de ser ela mesma. Só que ser ela mesma, pode ter trazido qualidades indigestas no pacote da sinceridade. E Depp viu o filme triste de sua infância, marcado por agressões verbais e físicas de pai e mãe se repetirem através das mãos e da boca de mais uma pessoa que ele amava.

A não reciprocidade do “amor” que Amber acusava Depp e a entrega dela a este sentimento, a fazia jogar. Entendo que ela queria que ele o amasse da mesma maneira, ainda que doentia. Só que ela nunca se dava conta de que ela arriscava cada vez mais para que isso acontecesse. Ao admitir, em áudio apresentado no processo que havia batido, mas não socado Depp, Amber expõe essa normalidade. Em outras palavras, é normal ela bater, e o que não é normal seria ele não a confrontar ou responder na medida em que ela o instigava, ou seja, não "dialogar". Se foi este realmente o quadro que eles pintaram ao longo de dois anos de relação, também foi por sorte a vida de um ou dos dois não ter se encerrado em uma das inúmeras situações relatadas no processo.

Outra coisa que me chamou a atenção no processo diz respeito à inteligência de Amber. Enquanto Depp não manteve um segundo de contato visual, ela não tinha o menor puder de fazê-lo. Olhava intensamente, sempre que podia. Ela nunca teve dúvidas do poder que exercia sobre ele e também usou de diversos recursos para convencer jurados com caras e bocas.

Mais detalhes do processo, do qual Depp foi declarado vencedor, você pode acompanhar em qualquer site de notícias de famosos.

Mas, na verdade, o que eu sinto é pena. Porque o amor, que é tão lindo, vira justificativa para coisas horríveis. E muitas vezes é o sentimento mesmo o “culpado”, pois costuma tirar do trilho quem é acometido por ele, evidencia nossas estruturas mal construídas, mostra o quanto somos imperfeitos e quanto "jogamos para debaixo do tapete" para nós mesmos (dadas as devidas proporções) enquanto alargamos nossos olhos e esticamos nossos dedos para julgar o próximo.

O amor pode nos levar ao medo terrível da dor da perda, da perda para outra pessoa, do medo do fim, da escravidão sentimental. O amor pode aprisionar. É viciante dependendo de sua intensidade. E é muito fácil ver os experts dando as suas dicas, como se fossem “vacinados”, inclusive pessoas que já passaram por situações de humilhação, que sustentaram situações inaceitáveis e até imorais, tudo pelo abraço daquela pessoa amada.

São muitas verdades, são muitas opiniões, mas na verdade é que o amor em sua intensidade acaba sendo muito mais que o ser humano pode suportar.

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