Ontem

Na noite de ontem, em mais uma volta pra casa, aconteceu algo que me deixou imensamente triste. Por volta da uma e dez da manhã, próximo a Piracicaba, comecei a ver luzas das ambulâncias e dos carros da Polícia Rodoviária ao longe, coisa de uns 4 quilômetros. Conforme fui me aproximando, fui dando conta do cenário de terror que estava aquele local. Uma marca imensa de sangue na pista, um carro em péssimas condições após uma suposta batida e o mais marcante e triste, uma vítima no canteiro central tentando ser ressuscitada por médicos, que o faziam seguidas massagens cardíacas. Não precisava ter muita informação adicional para saber que o caso era gravíssimo. As oito da manhã, a notícia no final do Bom Dia 92, através do B.O. 92 confirmava a morte do motorista e o então estado grave da outra ocupante do carro.

Tudo aconteceu depois do atropelamento de uma capivara, somado a falta do uso do cinto, o que jogou o corpo do motorista para fora do carro, exatamente onde o vi, no canteiro, conforme o repórter Juca Nastaro relatou no B.O.92. Foram apenas alguns minutos para que o acidente não fosse comigo.

E em meio a todas as divagações sobre destino, confesso que me vem um sentimento de revolta. Diante de tantos acidentes com animais, que marcam de sangue aquele trecho específico da Rodovia Rio Claro-Piracicaba, quantas mortes animais e humanas serão necessárias para que a concessionária se prontifique a colocar grades contra a entrada desses animais, afim de ao menos mostrar interesse pela vida dos usuários da rodovia? Pelo que ouvimos falar, a concessionária tem que zelar pela administração e zelo da rodovia e pela segurança dos que nela transitam, fato que anula-se quando se contabiliza uma morte na rodovia.

Não há uma semana sequer que aquele trecho contabilize em seus quilômetros uma marca de sangue. Fico ciente de que a vida nossa corre por um fio, mas quando esse fio é mais fino, pela omissão de órgãos responsáveis, eu me sinto no direito de reivindicar meu fio mais grosso.

Meus sentimentos à(s) família (s) das vítimas e meu sincero pedido de que se pense mais na vida dos motoristas que se utilizam das rodovias administradas por concessionárias. Aliás, o espaço está aberto a elas para que exerçam seu direito de resposta. A única coisa é que, há alegação e defesa quando a morte acontece? Ainda mais por uma questão sequencialmente registrada na rodovia?

Nesses casos, a omissão beira o assassinato, e omissão não deve existir no vocabulário do administrador.