Já foi tarde...



Na quarta-feira passada, o treinador Adilson Batista anunciou sua saída do comando técnico do Cruzeiro. O currículo positivo no saldo de vitórias não foi suficente para apagar a decepção e pressão pelas eliminações em duas Copas Libertadores - sendo que ano passado perdeu na final, e no Campeonato Mineiro.

A saída de Adilson era fato esperado. Há tempos o treinador não conseguia mais sorrir e mostrava claramente seu descontentamento com os repórteres. Como se a imprensa fosse culpada pelos maus resultados, ou como se ele fosse tão sabedor do que faz, que sua superiodade tirasse parte de sua paciência e humildade tão características no tempo de jogador por Grêmio, Corínthians e pelo próprio Cruzeiro.

Meu desejo sincero é que Adilson treine um time de São Paulo. Será uma prova de fogo para dois lados envolvidos nessa situação: o de Adílson e o da imprensa paulista. Posso apostar que, a se julgar pela falta de educação de Adílson com a imprensa mineira, o relacionamento com os paulistas não será mais suave, pelo contrário. Vi sua despedida do time azul como desrespeitosa e digna de que ele nunca mais treine a equipe. Frases como "se é para o bem de todos e felicidade geral eu saio" soam tão idiotas que chegam a ser inconcebíveis. A culpa da saída do Adílson é dele mesmo e do seu ego, que parece ter tomado o microfone nessa coletiva de despedida. Há formas mais sutis de sair de um clube, por maior que seja a pressão ou a intenção de se demitir do mesmo. Faltou experiência, maturidade e sobrou acidez.

O apelido de professor Pardal fez jus a Adílson em diversas oportunidades, embora por outro lado confesso admirar seu estilo falante, ativo na linha lateral do campo. As invenções do treinador acabaram com a paciência do torcedor.

A saída de Adílson do Cruzeiro vai, a longo prazo, ser positiva para ambos. Assim como o atacante Kleber, já estava na hora do jovem treinador experimentar novos ares, nem tão bons quanto o das montanhas mineiras. Mas aí é uma outra história. Sigam com Deus os dois. Já foram tarde.