Agora sim posso falar


Agora sim, com novo presidente eleito, dá para comentar algo sem passar o receio de alguma censura política, pois é assim que encaro a limitação de comentários imposta aos radiocomunicadores. Também não abordei o assunto anteriormente porque nunca quis que esse blog passasse perto de algum termo político. E assim ele vai seguir. O comentário de agora é sobre a engenharia da produção dos horários políticos para o rádio e a postura do brasileiro daqui em diante. Pouquíssimas pessoas das quais conversei em off no período pré-eleitoral revelavam um possível voto na candidata do PT, agora eleita presidente, Dilma Rousseff. As pesquisas do segundo turno não tiveram erros tão graves como no primeiro turno e a vitória de Dilma se confirmou com pouca diferença do previsto pelos institutos de pesquisa, e os descontentes julgaram que Dilma se elegeu apenas com base dos beneficiados do Bolsa Família, o que primeiro não é verdade e em segundo lugar é improcedente, pois diversos "esclarecidos" da sociedade, personalidades  da cultura brasileira declararam o voto na candidata do PT.

No Rádio e na TV
Com todo respeito aos profissionais que prestaram serviços às campanhas dos dois oponentes na disputa pelo cargo de presidente, ficou clara, ao menos em minha opinião a melhor escolha de repertórios, vinhetas, jingles e mesmo as falas dos horários eleitorais do Partido dos Trabalhadores. No rádio, uma linguagem simples, uma comunicação alegre, dinâmica e todos os itens, literalmente com a cara do rádio, da comunicação popular. Pelo lado do oponente, uma linguagem mais culta, o  que transparecia uma soberba, por mais que o candidato Serra tentasse parecer mais simpático que o de costume. Aliás, nenhum dos candidatos começou mostrando muito os dentes de maneira natural, pelo menos no início do horário eleitoral e dos debates. Outro erro gravíssimo na minha opinião foi o uso por parte da campanha de Serra, para o rádio, de um apresentador com um tom de voz semelhante, para não dizer caricata, do presidente Lula. É uma associação não recomendável, além de perda de tempo tentar "bater" em um presidente com 80% de aprovação. Na TV, a qualidade da produção ficou ainda mais evidente.

Não se pode dizer que uma ou outra coisa foi o diferencial da eleição de Dilma. Está certo e isso todos sabem que ela se elegeu pelo gigante padrinho político, somado a uma mácula de privatizador, que de certa forma injusta foi atribuída unicamente aos governos do PSDB.

Até o momento Dilma surpreendeu. Compareceu aos principais canais de televisão, garantiu a liberdade total de imprensa, e ainda não esqueceu os compromissos de campanha. 

Ao PSDB, o momento é de apagar as crises internas, diminuir a soberba e aprender a ser oposição. Ainda há de se valorizar a força do partido através de seus nomes em São Paulo, Geraldo Alckmin, e Minas Gerais, Aécio Neves, esse último o próximo candidato do partido para Presidência. 

Independente da minha escolha nas urnas, que não foi para a candidata eleita, sorte a Dilma Rouseff. Que ela consiga colocar em prática todos seus projetos e que o Brasil cresça rumo a tão sonhada e distante sustentabilidade, sem ficar a mercê do mercado e dos investidores internacionais. 

Foto: Serra e Dilma - Credito da Foto: Clique Aqui