Verso Danielano

Certamente, este momento de pandemia nos traz muito receio do que vamos ver nos próximos capítulos. É uma somatória de medos, angústias, dores individuais guardadas a sete chaves. Diante deste quadro, algumas pessoas (eu) passaram (ou) a tomar doses cavalares de pragmatismo. E nem o argumento clichê de que "nem o peru morreu na véspera" me convence.

É sobre esta necessidade de transporte para um mundo mais eu e menos produto da forma que o mundo me afeta, que escrevi estes versos. Espero que gostem!

Eu confesso

Que queria tanto um remédio

Para este pragmatismo em excesso

Que a "vida me plantou"...

É um tédio

Ter que traçar cada plano

E lidar com os medos mundanos?

Medo de tudo

Medo de adoecer

Morrer

Ficar mudo

Perder a visão

Depressão

Viver sem viver

Andar pela contramão.

Medo de trocar os pés pelas mãos

Ou de sofrer sem poder fazer nada

Viver de mãos atadas

Escravo dos "ses" e dos "senãos"

E da vidinha totalmente regrada.

Porém, existe um lugar

Dentro de mim

Em que nada está no lugar

Dentro dessa bagunça

É que funciona

A minha pequena fábrica do livre pensar

Lá, não existe lógica

Regras ou futuro para planejar

Não existem consequências

Lombadas, nem valetas

Que me impeçam de viajar e sonhar

Lá me organizo e acumulo

impressões e sensações

inesquecíveis e secretas

em uma centena de gavetas.

Não é um mundo sem lei

Mas é livre

Foi assim que o criei.

Quando volto à realidade

Meu despertador

Sempre no mesmo horário

Exige o meu planejamento

Me enclausurando em minha própria rotina

Nas amarras dos melindres

Guiado pelo pragmatismo de cada movimento.

Ainda estou vivo

E ainda posso sonhar.

Meu mundo me aguarda

Lá posso errar, sorrir, amar, sem me preocupar

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