Marie Fredriksson

E uma das mais brilhantes vozes da música fica agora só na lembrança. 
No fim dos anos 1980 e início dos 1990 era difícil imaginar que uma dupla de cantores da Suécia obtivesse tamanho sucesso mundial.
Per Gessle, uma carinha já conhecida na Suécia e Marie Fredriksson uniram forças para compor uma das duplas de maior sucesso de todos os tempos. Com aproximadamente 80 milhões de discos vendidos em todo o mundo, até quem não gosta deles não encontra argumentos para destruir o poder da dupla em criar hits.
Gessle era o meio de campo e Marie a artilheira dos gols maravilhosos. E que golaços! Dona de uma interpretação ímpar, com uma explosão de agressividade aliada à sutileza, com pitadas de bom senso de sensualidade. Assim o Roxette conquistou fãs no mundo inteiro.
Listen to Your Heart, Spending My Time, How Do You Do, Joyride, The Look, Fading Like a Flower, It Must Have Been Love, só para enumerar alguns dos muitos sucessos da dupla. 
Por ironia do destino, quando o Roxette buscava surpreender com uma determinada e ousada renovada de estilos, Marie é obrigada a interromper a carreira, em virtude do tratamento de um câncer no cérebro.
Com baixa expectativa de cura, Marie enfrentou com determinação a doença, tendo que lidar inclusive com as sequelas do tratamento, como paralisia parcial do lado direito do seu corpo, perda da capacidade de leitura, dentre outros enfrentamentos.
Mais uma vez surpreendente, Mari se recupera, chegando a declarar em 2006 estar curada da doença, desde então aparentando estar mais envelhecida, magra e com certa dificuldade de movimentos. Em 2010, o ensaio de uma turnê mundial, mesmo com todas as dificuldades. A voz ainda era a mesma, não com notas tão altas, mas quem se importava. Marie celebrava sua vitória, aplaudida por fãs no mundo todo. Ainda que debilitada, Marie "enfiava boa parte das queridinhas do momento no bolso". Perto de 2016, Marie passou a não conseguir lidar com a fraqueza das pernas, chegando a cair em meio a um show.
Embora sem confirmação oficial, muito se especulava sobre um retorno do câncer, fato negado pela assessoria de imprensa da cantora e da dupla, que apenas disse que Marie não mais realizaria turnês em virtude de recomendações médicas. Neste meio tempo, Marie gravou algumas músicas, numa linha totalmente fora do trabalhado pelo Roxette. Músicas com videoclipes em preto e branco, com letras que expunham dificuldade, sofrimento, entre outros sentimentos.
A ausência de eventos públicos teve explicação neste último dia 10, quando as redes sociais da dupla Roxette e individual da cantora confirmaram que Marie tinha falecido.
As mensagens consternadas invadiram as redes sociais, em todos os locais do mundo. As rádios, voltaram a tocas as canções da dupla. E ainda bem que, ainda podemos ouvi-la, dada a fantástica qualidade das gravações.
Creio que a energia explosivamente pop do Roxette tenha paradoxalmente impedido a interpretação única de Marie ter um reconhecimento mais justo. Talvez os fãs se surpreenderiam com canções da dupla sem a pegada pop, como Do You Get (Excited), I Wish I Could Fly, entre muitas outras. Neste momento, graças às discotecas virtuais como Deezer, Spotfy, todos os apreciadores de música podem sentir todo o talento interpretativo de Marie, tanto nos hits como nas músicas "lado B", que não tem a mesma pretensão e o compromisso de ser hit.
Por saber trabalhar em uma linha fiel ao seu público e por possibilitar um casamento perfeito de vozes e músicos, o Roxette para mim é uma das mais importantes bandas de todos os tempos. E é claro que Marie, tem muito crédito por isso, mesmo sendo de fora dos dois maiores polos produtores de música do mundo: Estados Unidos e Europa, o talento do Roxette quebrou todas as barreiras.
Mais uma diva da música, que deixa sua marca para sempre na história, imortalizada pela sua interpretação e por todo o seu carisma, sem me esquecer de sua luta pela vida, mencionada na minha postagem de 2006. 

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