Verso Danielano - Do que sou

No mundo dos rótulos, e como é fácil rotular alguém, o nosso carômetro revela mais que o que queremos mostrar. Mostra o que dá combustível para que os outros nos julguem.
Essa poesia mistura tudo, o que sinto, o que falam e eu mesmo falo de mim e o que eu falo dos outros também. É uma homenagem concentrada, como aquele remédio amargo que mamãe nos dava. Como se a amargura fosse garantia de que estaremos bem depois, continuamos tomando nossas pílulas diariamente.

Do medo da morte
e das dificuldades da vida
do esforço concentrado em anos
para se curar uma ferida
do preparo que popularmente resulta no que insistimos em chamar de sorte
do apontamento
do dedo em riste
do lamento que justifica nosso azar,
porém quase nunca é nossa culpa
Do quanto quero ser falso
e do quanto isso sem consolida e me corrompe
me envolve como uma laço.
da vitória, da derrota e sempre da luta
dos papéis e dos panos
entre os sãos e insanos
entre regionalismos, manias
e hábitos mundanos
entre ações de paz veladas
ou traiçoeiras guerras frias
do quanto e me acho
e o não querer enxergar o que realmente sou
entre raças
rivalidades
boas praças
gregos e troianos
banalidades
da alienação de cada um
o vinho, a taça, o rum
a cerveja, o céu, a mulher e o gol
o egoísmo, a falsa modéstia
o se fazer de coitado
a intenção de manipular para conquistar
tudo acaba integrado
são submundos que interagem
no universo do homem civilizado

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