Poesia antiga

Essa foi recolhida do meu arquivo. E tem muito a ver com os nossos tempos modernos. Acho que é de 1995...

se toda morte bastasse
para que meu ódio passasse
uma terra não seria suficiente
não haveria gente
o bastante
para amnenizar
o inferno do caos
a me hibernar
do fogo que se alastra
e insiste em queimar
nas paredes
no céu
nas bocas
e no seu linguajar
nas palavras mais loucas
que regogitam da minha boca
e que querem te atacar
se a comédia
pudesse meu ódio combater
seria necessário um mar
de risos, gozos e gargalhadas
num mundo sem tragédias
algumas eras só para compensar
os futricos, as fofocas e as médias
que me incendeiam uma fúria
fúria que odeia o falso
abonima o idiota
condena a lamúria
E se um dia esse ódio tomar conta de mim?
se um dia
a presença humana
me seja tão vazia
tão infamemente mundana
que veja menos valor nela
do que num maço de capim
E se um dia
sair pela minha boca
tudo o que penso
do pouco mais belo
ao muito mais denso
e tenso
O que será do momemto
em que você
ler meu pensamento
vais ver o quanto te mandei às favas
e o quanto sou o oposto
desse falso conto de fadas
chamado vida
que na verdade
é um acúmulo de feridas
é o mundo dos espertos
das passadas de perna
da busca pelas jazidas
o mundo da exploração
do uso da moral alheia
da vulgaridade humana
do valor mínimo do ser
um mundo de entorpecidos
falsos, amorais e esquecidos
um mundo de falsos vivos
e de recém falecidos

Um comentário:

disse...

Além de verdadeira é bem profunda...

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