Os dois Lados da Lua

Astrônomos afirmam que, da Terra, há um lado da Lua que nós nunca vemos. Um lado que, por coincidência dos movimentos dos astros, fica sempre escondido de nós. Na semana passada, o Rio de Janeiro venceu a disputa e foi escolhida cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016, desbancando cidades fortes como Madri, Tóquio e Chicago. Elogiada em todos os meios de comunicação do mundo, principalmente na rede CNN, em que o nome da cidade era sempre precedido pelo elogio "Beautiful Rio", esse é o lado lindo da Lua. É de alegrar o fato de, finalmente o Brasil ser mencionado na Imprensa Internacional por um fato bom, de mérito. A primeira cidade sulamericana a sediar um evento olímpico e dois anos após a Copa do Mundo, fato que fará do Brasil, de 2014 a 2016, o país do esporte, dos grandes eventos esportivos do mundo.

E o lado obscuro disso? No lado obscuro da Lua reside o temor.

A previsão de gastos para um evento como a Olimpíada está na casa dos vinte bilhões de dólares. A Copa do Mundo demanda muito mais em virtude da construção e reforma de muitos estádios. E por acaso, fora do oba-oba da escolha do Rio, dos choros da comissão brasileira que foi à Dinamarca para a escolha da sede da Olimpíada, você já parou para pensar de onde possa sair todo esse dinheiro? Ou você imagina que o Brasil possa jogar para o alto quase 100 bilhões de dólares?

Ainda assim, tendo a total ilusão de que esse dinheiro seja totalmente destinado aos fins propostos, sem desvios, não seria uma quantidade muito grande de dinheiro para eventos de apenas um mês (Copa e Olimpíada)?

Seria esse lado obscuro da Lua capaz de revelar quanto tempo o Governo leva para investir quantidade equivalente em áreas essenciais como saúde, segurança e educação? Ah sim, mas o lado lindo da Lua mostra o fomento do turismo que os jogos podem trazer, Mas o lado escondido apresenta o índice de analfabetos e de dependentes do Bolsa Família - até quando o governo vai ficar dando mesada aos necessitados ao invés de estimular programas de estímulo ao trabalho e de recolocação da massa de desempregados no país no mercado?

São essas e outras perguntas sem respostas, e que fazem parte do espetáculo. Mas, mais que contemplar uma bela Lua cheia, é preciso saber que ela não tem um lado apenas.

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