Quantas situações na vida não se repetem, independente de quem esteja ao seu lado?
Por razões que eu prometo discutir numa próxima postagem, o amor coloca características comuns à várias pessoas com as quais nos relacionamos afetivamente, mesmo que essas não tenham nada a ver uma com a outra no caráter, fisicamente, etc.
Eu prefiro chamar isso de "mala do passado". Todos carregamos a nossa, mas algumas pessoas fazem questão de guardá-las num templo, num lugar especial da casa, de preferência e acessível para constante "consulta" - leia lembrança.
Você pode achar isso inevitável na justificativa de que "O pensamento é livre". Mas será que um novo, sincero e verdadeiro sentimento não merece um coração e uma mente livres para poder crescer dentro de uma saudável vida afetiva? É uma ética com a pessoa que está no mesmo barco que você e um cuidado necessário para um bom, sincero e honesto envolvimento. Ou não?
Mas claro, o pensamento é livre, então obviamente lembrar (apenas lembrar?!) daquela pessoa do passado parece não ser nocivo. Qual a nocividade em querer (mesmo de forma diária), por exemplo, visitar o facebook daquela (s) pessoa(s), pensar nela(s), lembrar de momentos, conversar com amigos sobre isso, enfim, manter o assunto ex-amor vivo?
Será que pensar nisso como uma inofensiva atitude basta? Me desculpem os defensores dos animais, mas fazendo uma analogia, você se contenta com um animal peçonhento adormecido perto de você ou prefere que ele esteja morto, e bem morto se tiver que ficar perto dele? Porque todo mundo sabe o potencial do termo "ex-namorado (a).
O quanto você pode estar entregue a um novo relacionamento é o quanto você abdica dessas lembranças. Para alguns isso parece ser impossível, para outros administrável, para outros até mesmo obrigatório e interessante.
Fiz essa poesia para um casal de amigos, cujos nomes, obviamente, não vou expor. Porém penso que essa conversa de hoje se aplica a muitas pessoas. Vamos ao verso de hoje:
Desisti tanto de dizer
do que me fazia acontecer
que em alguns momentos
me acho tão diferente
questiono o quanto do amor
devo merecer
talvez por isso não acredite
em demonstrações desinteressadas
em espontaneidades encantadas
Será que o ser humano pode realmente ser assim?
Hoje tudo o que consigo fazer
é observar
é jogar as moedas
apostar e sempre ganhar
não me engano em minhas intuições
pois sei como vocês são
com cores, gostos e sensações
E eu que entreguei tanto de mim
hoje colho as peças
de um quebra-cabeças sem fim
É melhor que as peças não se encaixem
é melhor que meus ápices de emoção
relaxem
Só lamento
e isso é apenas isso
que nunca ninguém soube me valorizar ao meu tempo
nunca me despertou e recebeu de mim
a exata percepção do compromisso
e de um sentimento.
Algum dia
hei de parceber
que a noite fria
e solitária
é a única que pode me aquecer
que a minha própria companhia
é a única que realmente
e eternamente
não irá me entristecer.
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