Verso Danielano (Encomendado)

Olá pessoal! É tão bom poder escrever para vocês de novo! Leitores, muitos ocultos, que sempre reservam um tempinho para vir aqui, tomar um café imaginário e ler um pouco das coisas que posto.
Depois de vários anos, quase duas décadas gravando para diversas rádios, sendo inclusive voz padrão de algumas emissoras, o corpo já deu os sinais de que o ritmo não pode e não será o mesmo. Pressões tomam formatos de montanhas e nem sempre o que antes lidava com maestria é tão fácil de ser superado. Às vezes, coisinhas comuns do dia a dia de uma empresa tomam uma forma pesada e destrutiva com o passar do anos. Eis a hora de calar a voz, e sentir o coração bater, nem que seja na marra. Uma parte boa de minha vida foi dedicada à esse verbo: o fazer rádio. Por isso sou tão lúcido quando lido com a impossibilidade de fazê-lo. Não me preocupo mais com a não aceitação ou mesmo a indignação que isso poderia me causar, porque simplesmente não me causa. É um alívio poder trabalhar, pela primeira vez em minha vida, para a melhoria do meu eu, da minha mente. O que vier depois disso é consequência. Outra ideia que joguei por terra é a de que, quando se trata dos desafios da mente, nem sempre se consegue trocar o pneu com o carro andando. Essa é uma dessas horas.

Meu outro comentário de hoje é sobre as pessoas que se acham tão cultas. Os neo-metidos são aqueles que se metem a escrever e acham que têm o poder de mover massas. Que possuem uma série de seguidoras sem alma, que se agarram na primeira ideologia que vêm, mesmo que essa ideologia tenha o propósito apenas de levá-la para a cama (também é parte do objetivo delas, porque não? Estamos num mundo de igualdades). Estas acompanham cada palavra que esses seres postam na net. Deve ser algo como sexo virtual, como estar mais perto do mega star. Essa magia oculta que em muitas situações essas pessoas estão na beira ou com aproximadamente quarenta anos e, de algo construído na vida não tem nada além de filhos e uma incontável lista de parceiras (pois aí está a graça de tudo, para eles). E a própria pessoa acha disso um reality show, posta entrevista de si mesmo (já citado aqui), faz de uma simples ida ao supermercado um fato surreal, como se o supermercado existisse em função dele. No processo geral não tenho julgamentos sobre a questão, pois no mundo fútil de hoje vale a lei da oferta e da procura. Ou seja, se existe uma pessoa fútil assim é porque existem algumas tantas pessoas sem alma e sem identidade nenhuma por aí, ávidas por isso. Aliás isso é típico da perdição que é a vida do ser humano. Ou ele despreza ou venera. 

Por exemplo: ser fã de Guns `N Roses (banda que fez sucesso, nas décadas de 80 e 90) não basta. Tem que ser barraqueiro como seu vocalista Axl Rose. Não pode-se apenas focar no talento notório que o cara tem para cantar. Não, tem-se que absorver seus defeitos também, é moda (mesmo que não seja mais a quase 20 anos). 

Outra questão polêmica da música envolve os Beatles. Sim, ouve uma magia na década de 1960 eu concordo, os caras são talentosos, mas o que você conhece tanto sobre os caras para aqui no Brasil, a mais de 20 mil quilômetros de Liverpool venerar deles? Muitos destes nem sequer sabem que aqui no Brasil uma banda chamada Secos e Molhados vendeu, proporcionalmente ao público comprador de discos na época, muito mais que eles. 

Mas o Brasil também tem seus lixos venerados. O que dizer dos "antigos" novos baianos que se fecharam em uma ilha e que há décadas não produzem uma sequer música dita popular? Fazem parte de uma nata, aristocratas da música que só vende pelo nome que eles já tem, pelos brilhos que, reconhecidamente eles sim já (há muito tempo) tiveram. E isso se estende para tudo. O moleque negro que se destaca em um jogo já vira Pelé e merece ser convocado para a seleção, principalmente se jogar em SP, recanto da imprensa mais tendenciosa do país. 

Indo a outros campos, e esse assunto está rendendo, o namoro de hoje já é casamento, porque a mãe do namorado já vira sogra com dias de namoro. Essa instantaneidade de adjetivos mostra uma clara ânsia do ser humano para ter o que ele nem sabe se vai acontecer. E o descarte do que não é de seu gosto é tão natural quanto trocar de roupas um dia após o outro. A diferença é que há sempre roupas novas e diferentes neste armário.

Quanta ignorância, quanta veneração besta. Quando conceito atribuído a coisas e pessoas sem o mínimo de informação. Você que anda com a camisa de Che Guevara todo orgulhoso, já procurou digitar no Google para saber a real e imparcial história dele? O brasileiro achou que o PT era o símbolo da mudança. Deixou a ignorância convencê-lo de que a política é a mesma para todos os partidos. Na verdade, ninguém sabe muito o que quer. Um exemplo mais atual é que todo mundo apoia a invasão a um canil para pesquisas com animais. Botaram lá a foto de um cachorro morto e todo mundo apoiou uma invasão. É apoio a baderna, a confusão. O fato deles matarem cães já justifica cometer o crime de invasão de propriedade particular. Já pensou se acham que você maltrata seu animal de estimação e ao chegar em sua casa, você encontra sua porta arrombada? Seria legal né? Imagina a situação da empresa que tem sua atividade regularizada pelo governo e sofre esse atentado. Ah, mas dizem que há irregularidades. Aí chego à conclusão de que não adianta argumentar com muitos, mesmo um crime tem justificativa no jeitinho brasileiro. E olha que eu sou apaixonado por cães.

Logo vão ligar na casa das pessoas oferecendo serviços de justiceiro de aluguel. 

Pessoal, confiram o verso danielano de hoje. Abraços a todos!  

São tantas as perguntas
Tanto para se pensar
Tanto que me falta indagar
Quando as respostas viram lutas
Pneus patinando na lama
sem sequer sair do lugar
Quando as pessoas criam obstáculos
procurando minha percepção desfocar
Será que o passado
é mesmo passado
quando te tira da realidade?
Quando te incomoda,
sua calma inflama
e te tira da naturalidade?
Quando é mais fácil rebater
do que simplesmente responder.
É um covarde aborto de definições
que tem a vida ceifada
antes mesmo de nascer.
O custo de apenas responder
parece imenso demais
parece que vai revelar algo escondido
ou que se procura manter esquecido
mas que em algum momento
vai se deixar transparecer
Alguém nesse mundo
ainda acredita que consegue esconder um sentimento?
Um gostar mais resolvido
temperado em excesso por lágrimas solitárias de lamento?
Alguém consegue acreditar
que o não responder
consegue convencer 
mais do que naturalmente sobre qualquer assunto poder abordar?

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