Verso Danielano

Acho que algum dia
Quando e se eu conseguir
olhar pra trás
Talvez consiga perceber
Tudo que enfrentei
Pode ser que comece a desabar de chorar
Porque em meio à este turbilhão de situações
Ainda estou com uma carcaça de pedra
Com lava incandescente dentro
E quando sai, mesmo aos poucos, essa lava queima a alma
Não pense ser fácil mantê-la guardada
Mas é pior se ela sair
É por isso que vou me acostumando
A esta dor que me consome por dentro
Enrijecendo minha alma
Minha saúde maltratando
Plantando sementes negras na minha esperança de vida
Não se trata de desapego
É apenas uma tristeza
Que nunca dorme e ainda senta comigo à mesa
Que, apesar de feia, é tão forte já não me causa nem mais medo
Algum dia
Se este dia chegar
Espero poder celebrar
Voltar a sorrir, voltar a cantar
Pra trás olhar
E colher algo de bom
Algo que possa me incentivar
A ver a vida, com outro olhar
De momento, a busca pelo trabalho que amo
E o amor dos que me ajudam de fato
São as únicas coisas que estão a me sustentar
Até acho bom
O fato de tanta gente isso ignorar
As ações ou a falta delas
Tem tanto a me ensinar
E eu sigo atento
Ainda estou vivo
E sigo lutando a cada segundo
Em cada momento
Mas eu confesso
Que queria muito descansar
Há certos tipos de dor
Que, de tão intensas
Clamam por livramento
Sinto que eu luto
E ainda sinto muito o luto
Sinto quase nada
E o peso que carrego
É bruto
É madrugada de domingo
E enquanto o mundo gira
Muita gente dorme
Minhas lamúrias fazem fila
E me fazem companhia
Em mais uma noite mal dormida
Mente vazia
É melhor que mente sofrida

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