Postagens No Fechar Das Cortinas - O que é pra ser guardar

Olá pessoal. Segue mais um texto. Um dos últimos antes do nosso adeus definitivo. Quero agradecer às lindas pessoas que estão se manifestando sobre o fim do blog.
Agradecimentos especiais à Sandra. Uma excelente pessoa, de sensibilidade aguçada e uma grande amiga, mesmo que apenas virtual. Sandra, tudo do melhor a você e todo o agradecimento do mundo. 

Esse texto é de encomenda a um grande amigo. Estávamos conversando ao telefone esses dias e ele me relatou uma experiência. Espero que gostem e, se não gostarem fiquem tranquilos, já que em alguns dias essa postagem não estará mais aqui. 

A todos mais uma vez, meu muitíssimo obrigado de coração. Não mereço o carinho de todos que postaram aqui ou me mandaram mensagens pelo Facebook. Meu amigo Paulo Silva, mantenha a chama acesa amigo, você sim é um excelente escritor e tem índole.

Vamos ao texto....

O que é pra se guardar

Já perdi as esperanças de alguém se recorde de algo bom de mim. Talvez porque eu não esperasse somente um repente de pensamento e sim um acontecimento épico. É de certa forma Ilusório da minha parte pensar as coisas assim. Pensar que alguém pense em mim, nos momentos alegres que tivemos e que saiba pelo menos aproximadamente datas e ao menos estações do ano em que as coisas boas aconteceram. Porque, na minha linha de pensamento, certas coisas como o amor, a fé, a amizade não podem ser nunca consideradas banais, corriqueiras, rotinas. Só quem realmente provou o sabor de não ter ninguém além da parede para conversar sabe do que estou falando e consequentemente dá valor ao fato de ter alguém. 

Hoje o mundo é muito prático e as intimidades do casal acontecem como provas de amor, quando de fato o caminho certo deveria ser o inverso. Algumas famílias do interior de Minas, que sempre foram uma grande referência para mim, só permitiam que os namorados entrassem na casa dos pais quando o casamento estava praticamente encaminhado. Hoje, os casais dormem juntos com meses, semanas, dias e até horas com a intenção de que essa permissividade elevada ao infinito garanta algum futuro, ou não. 

É fácil dizer que a sociedade é "assim ou assado", que são os "tempos modernos". Difícil é ser correto, ter opinião hoje em dia. Difícil é você ter um namoro em que os envolvidos no relacionamento curtam o passo a passo do envolvimento. Qual o valor de um pegar na mão hoje em dia? Qual o valor de um beijo? 

Hoje as pessoas colecionam fichas e mais fichas de ex-namorados e, em muitos casos as coisas simplesmente não caminham porque a ânsia corre mais e atropela tudo. Sobram mulheres que se permitem gratuitamente (muitas até intencionalmente) e homens achando que tiraram algum proveito carnal (iniciativa que algum dia, alguns anos depois vai cobrar seu preço - porque contamina a alma - se duvida continue assim).

Eu não sei nada sobre essa vida. Ainda tenho muito a aprender. Mas o que consegui perceber nesses anos é o que não quero. Eu não quero alguém que acumule experiências e sim que viva momentos inesquecíveis e esteja receptiva a isso. Quero que o passado de um casal seja um grande museu, cheio de obras lindas, repleto de lembranças únicas e abençoadas de cada etapa de uma época única. Porém, volto a concordar que é difícil para as pessoas hoje em dia. São tantos parceiros(as), tantas experiências que fica difícil até mesmo de guardar como uma boa recordação (a não ser que se veja pelo lado sacana do ser) de algo que se tenha feito baseado nesse permissividade desregrada.

Li uma vez num belíssimo conto nordestino - e me perdoe a falha por não recordar qual -, em que a viúva recordava de seu ex-marido através da marca de seu corpo no colchão velho em que eles viveram por mais de 20 anos. Era a ponte para ela recordar de um homem bom, carinhoso e do qual ela soube guardar todas as lembranças que acabaram por ser a única forma de amor que a restou. 

E o colchão de vocês, como está hoje em dia?

Um comentário:

Daniel Rogero disse...

Eduardo. Não vou aceitar seu comentário. Abraços

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